terça-feira, 31 de maio de 2011

PENSAMENTO DO DIA

A educação faz com que as pessoas sejam fáceis de guiar, mas difíceis de arrastar; fáceis de governar, mas impossíveis de escravizar.
(Henry Peter)

terça-feira, 24 de maio de 2011

Pedagogia




Pedagogia é a teoria crítica da educação, isto é, da ação do homem quando transmite ou modifica a herança cultural. A educação não é um fenômeno neutro, mas sofre os efeitos da ideologia, por estar de fato envolvida na política.

Sociedades Tribais:a educação difusa
Nas comunidades tribais as crianças aprendem imitando os gestos dos adultos nas atividades diárias e nas cerimônias dos rituais. As crianças aprendem "para a vida e por meio da vida", sem que alguém esteja especialmente destinado a tarefa de ensinar.

Antigüidade Oriental: a educação tradicionalista
Nas sociedades orientais, ao se criarem segmentos privilegiados, a população, composta por lavradores, comerciantes e artesãos, não tem direitos políticos nem acesso ao saber da classe dominante. A princípio o conhecimento da escrita é bastante restrito, devido ao seu caráter sagrado e esotérico. Tem início, então, o dualismo escolar, que destina um tipo de ensino para o povo e outro para os filhos dos funcionários. A grande massa é excluída da escola e restringida à educação familiar informal.

Antigüidade Grega: a paidéia
A Grécia Clássica pode ser considerada o berço da pedagogia. A palavra paidagogos significa aquele que conduz a criança, no caso o escravo que acompanha a criança à escola. Com o tempo, o sentido se amplia para designar toda a teoria da educação. De modo geral, a educação grega está constantemente centrada na formação integral – corpo e espírito – mesmo que, de fato, a ênfase se deslocasse ora mais para o preparo esportivo ora para o debate intelectual, conforme a época ou lugar. Nos primeiro tempos, quando não existia a escrita, a educação é ministrada pela própria família, conforme a tradição religiosa. Apenas com o advento das póleis começam a aparecer as primeiras escolas, visando a atender a demanda.

Antigüidade Romana: a humanitas
De maneira geral, podemos distinguir três fases na educação romana: a latina original, de natureza patriarcal; depois, a influência do helenismo é criticada pelos defensores da tradição; por fim, dá-se a fusão entre a cultura romana e a helenística, que já supõe elementos orientas, mas nítida supremacia dos valores gregos.

Idade Média: a formação do homem de fé
Os parâmetros da educação na idade média se fundam na concepção do homem como criatura divina, de passagem pela Terra e que deve cuidar, em primeiro lugar, da salvação da alma e da vida eterna. Tendo em vista as possíveis contradições entre fé e razão, recomenda-se respeitar sempre o princípio da autoridade, que exige humildade para consultar os grandes sábios e intérpretes, autorizados pela igreja, sobre a leitura dos clássicos e dos textos sagrados. Evita-se, assim, a pluralidade de interpretações e se mantém a coesão da igreja. Predomina a visão teocêntrica, a de Deus como fundamento de toda a ação pedagógica e finalidade da formação do cristão. Quanto às técnicas de ensinar, a maneira de pensar rigorosa e formal cada vez mais determina os passos do trabalho escolar.

Renascimento: humanismo e reforma

Educar torna-se questão de moda e uma exigência, segundo a nova concepção de homem. O aparecimento dos colégios, do século XVI até o XVIII, é fenômeno correlato ao surgimento de uma nova imagem da infância e da família. A meta da escola não se restringe à transmissão de conhecimentos, mas a formação moral. Essa sociedade, embora rejeite a autoridade dogmática da cultura eclesiástica medieval, mantém-se ainda fortemente hierarquizada: exclui dos propósitos educacionais a grande massa popular, com exceção dos reformadores protestantes, que agem por interesses religiosos.

Brasil: início da colonização e catequese

A atividade missionária facilita sobremaneira a dominação metropolitana e, nessas circunstâncias, a educação assume papel de agente colonizador.

Idade Moderna: a pedagogia realista

De maneira geral as escolas continuam ministrando um ensino conservador, predominantemente nas mãos dos jesuítas. Além disso, é preciso reconhecer, está nascendo a escola tradicional, como passaremos a conhecê-la a partir do século XIX.

O Brasil do séc. XVII

Por se tratar de uma sociedade agrária e escravista, não há interesse pela educação elementar, daí a grande massa de iletrados.

Século das Luzes: o ideal liberal de educação

O iluminismo é um período muito rico em reflexões pedagógicas. Um de seus aspectos marcantes está na pedagogia política, centrada no esforço para tornar a escola leiga e função do Estado. Apesar dos projetos de estender a educação a todos os cidadãos, prevalece a diferença de ensino, ou seja, uma escola para o povo e outra para a burguesia. Essa dualidade era aceita com grande tranqüilidade, sem o temor de ferir o preceito de igualdade, tão caro aos ideais revolucionários. Afinal, para a doutrina liberal, o talento e a capacidade não são iguais, e portanto os homens não são iguais em riqueza...

O Brasil na era pombalina

Persiste o panorama do analfabetismo e do ensino precário, agravado com a expulsão dos jesuítas e pela democracia da reforma pombalina. A educação está a deriva. Durante esse longo período do Brasil colônia, aumenta o fosso entre os letrados e a maioria da população analfabeta.

Século XIX: a educação nacional

É no séc. XIX que se concretizam, com a intervenção cada vez maior do Estado para estabelecer a escola elementar universal, leiga, gratuita e obrigatória. Enfatiza-se a relação entre educação e bem-estar social, estabilidade, progresso e capacidade de transformação. Daí, o interesse pelo ensino técnico ou pela expansão das disciplinas científicas.

Principais pedagogos:

Pestalozzi – é considerado um dos defensores da escola popular extensiva a todos. Reconhece firmamente a função social do ensino, que não se acha restrito à formação do gentil-homem.

Froebel – privilegia a atividade lúdica por perceber o significado funcional do jogo e do brinquedo para o desenvolvimento sensório-motor e inventa métodos para aperfeiçoar as habilidades.

Herbart – segundo ele, a conduta pedagógica segue três procedimentos básicos: o governo, a instrução e a disciplina.

Brasil: a educação no Império

Ainda não há propriamente o que poderia ser chamada de uma pedagogia brasileira. É uma atuação irregular, fragmentária e quase nunca com resultados satisfatórios. O golpe de misericórdia que prejudicou de uma vez a educação brasileira vem de uma emenda à Constituição, o Ato adicional de 1834. Essa reforma descentraliza o ensino, atribuindo à Coroa a função de promover e regulamentar o ensino superior, enquanto que as províncias são destinadas a escola elementar e a secundária. A educação da elite fica a cargo do poder central e a do povo confinada às províncias.

Século XX: a educação para a democracia

A pedagogia do século XX, além de ser tributária da psicologia, da sociologia e de outras como a economia, a lingüística, a antropologia, tem acentuado a exigência que vem desde a Idade moderna, qual seja, a inclusão da cultura científica como parte do conteúdo a ser ensinado.

Sociologia: Durkheim

Antes dele a teoria da educação era feita de forma predominantemente intelectualista, por demais presa a uma visão filosófica idealista e individualista. Durkheim introduz a atitude descritiva, voltada para o exame dos elementos do fato da educação, aos quais aplica o método científico.

Psicologia: o behaviorismo

O método dessa corrente privilegia os procedimentos que levam em conta a exterioridade do comportamento, o único considerado capaz de ser submetido a controle e experimentação objetivos. Suas experiências são ampliadas e aplicadas nos EUA por Watson e posteriormente por Skinner. O behaviorismo está nos pressupostos da orientação tecnicista da educação.

Gestalt

As aplicações das descobertas gestaltistas na educação são importantes por recusar o exercício mecânico no processo de aprendizagem. Apenas as situações que ocasionam experiências ricas e variadas levam o sujeito ao amadurecimento e à emergência do insight.

Dewey e a escola progressiva

O fim da educação não é formar a criança de acordo com modelos, nem orientá-la para uma ação futura, mas dar-lhe condições para que resolva por si própria os seus problemas. A educação progressiva consiste justamente no crescimento constante da vida, à medida que aumentamos o conteúdo da experiência e o controle que exercemos sobre ela. Ao contrário da educação tradicional, que valoriza a obediência, Dewey estimula o espírito de iniciativa e independência, que leva à autonomia e ao autogoverno, virtudes de uma sociedade democrática.

Realizações da escola nova

Principais características da escola nova:

educação integral ( intelectual, moral, física); educação ativa; educação prática, sendo obrigatórios os trabalhos manuais; exercícios de autonomia; vida no campo; internato; co-educação; ensino individualizado. Para tanto as atividades são centradas nos alunos, tendo em vista a estimulação da iniciativa. Escolas de métodos ativos: Montessori e Decroly Montessori estimula a atividade livre concentrada, com base no princípio da auto-educação. Decroly observa, de maneira pertinente, que, enquanto o adulto é capaz de analisar, separar o todo em partes, a criança tende para as representações globais, de conjunto. Resta lembrar outros riscos dessa proposta: o puerilismo ou pedocentrismo supervaloriza a criança e minimiza o papel do professor, quase omisso nas formas mais radicais do não-diretivismo; a preocupação excessiva com o psicológico intensifica o individualismo; a oposição ao autoritarismo da escola tradicional resulta em ausência de disciplina; a ênfase no processo faz descuidar da transmissão do conteúdo.

Teoria socialista – Gramsci A educação proposta por ele está centrada no valor do trabalho e na tarefa de superar as dicotomias existentes entre o fazer e o pensar, entre cultura erudita e cultura popular. Teorias crítico-reprodutivistas Por diversos caminhos chegaram a seguinte conclusão: a escola está de tal forma condicionada pela sociedade dividida que, ao invés de democratizar, reproduz as diferenças sociais, perpetuando o status quo.

Teorias progressistas – Snyders Contra as pedagogias não-diretivas, defende o papel do professor, a quem atribui uma função política. Condena a proposta de desescolarização de Ivan Illich. Ressalta o caráter contraditório da escola, que pode desenvolver a contra-educação.

Teorias antiautoritárias – Carl Rogers Visam antes de tudo colocar o aluno como centro do processo educativo, como sujeito, livrando-o do papel controlador do professor. O professor deve acompanhar o aluno sem dirigi-lo, o que significa dar condições para que ele desenvolva sua experiência e se estruture, por conta própria. O principal representante dessa teoria é Carl Rogers. Segundo ele, a própria relação entre as pessoas é que promove o crescimento de cada uma, ou seja, o ato educativo é essencialmente relacional e não individual.

Escola tecnicista
Proposta consiste em: planejamento e organização racional da atividade pedagógica; operacionalização dos objetivos; parcelamento do trabalho, com especialização das funções; ensino por computador, telensino, procurando tornar a aprendizagem mais objetiva.

Teorias construtivistas

Piaget – segundo ele, à medida que a influência do meio altera o equilíbrio, a inteligência, que exerce função adaptativa por excelência, restabelece a auto-regulação.

Vygotshy - Ao analisar os fenômenos da linguagem e do pensamento, busca compreendê-los dentro do processo sócio-histórico como "internalização das atividades socialmente enraizadas e historicamente desenvolvidas". Portanto, a relação entre o sujeito que conhece e o mundo conhecido não é direta, mas se faz por mediação dos sistemas simbólicos.

Brasil no século XX: o desafio da educação
Nesse contexto, os educadores da escola nova introduzem o pensamento liberal democrático, defendendo a escola pública para todos, a fim de se alcançar uma sociedade igualitária e sem privilégios. Podemos dizer que Paulo Freire é um dos grandes pedagogos da atualidade, não só no Brasil, mas também no mundo. Ele se embasa em uma teologia libertadora, preocupada com o contraste entre a pobreza e a riqueza que resulta privilégios. Em sua obra Pedagogia do Oprimido faz uma abordagem dialética da realidade, cujos determinantes se encontram nos fatores econômicos, políticos e sociais. Considera que o conhecer não pode ser um ato de "doação" do educador ao educando, mas um processo que se estabelece no contato do homem com o mundo vivido. E este não é estático, mas dinâmico, em contínua transformação. Na educação autêntica, é superada a relação vertical entre educador e educando e instaurada a relação dialógica. Paulo Freire defende a autogestão pedagógica, o professor é um animador do processo, evitando as formas de autoritarismo que costumam minar a relação pedagógica. Na década de 70 destaca-se a produção teórica dos críticos-reprodutivistas, que desfazem as ilusões da escola como veículo da democratização. Com a difusão dessas teorias no Brasil, diversos autores se empenham em fazer a reeleitura do nosso fracasso escolar. A tarefa da pedagogia histórico-crítica se insere na tentativa de reverter o quadro de desorganização que torna uma escola excludente, com altos índices de analfabetismo, evasão, repetência e, portanto, de seletividade. Para Saviani, tanto as pedagogias tradicionais como a escola nova e a pedagogia tecnicista são, portanto, não-críticas, no sentido de não perceberem o comprometimento político e ideológico que a escola sempre teve com a classe dominante. Já a partir de 70, começam a ser discutidos os determinantes sociais, isto é, a maneira pela qual a estrutura sócio-econômica condiciona a educação. O trunfo de se tornar um dos países mais ricos contrasta com o fato de ser um triste recordista em concentração de renda, com efeitos sociais perversos: conflitos com os sem-terra, os sem-teto, infância abandonada, morticínio nas prisões, nos campos, nos grandes centros. Persiste na educação uma grande defasagem entre o Brasil e os países desenvolvidos, porque a população não recebeu até agora um ensino fundamental de qualidade.

A Educação no Terceiro Milênio

A explosão dos negócios mundiais, acompanhada pelo avanço tecnológico da crescente robotização e automação das empresas, nos faz antever profundas modificações no trabalho e, conseqüentemente, na educação. Na tentativa de incorporar os novos recursos, no entanto, a escola nem sempre tem obtido sucesso porque, muitas vezes, apenas adquire as novas máquinas sem, no entanto, conseguir alterar a tradição das aulas acadêmicas. Diante das transformações vertiginosas da alta tecnologia, que muda em pouco tempo os produtos e a maneira de produzi-los, criando umas profissões e extinguindo outras. Daí a necessidade de uma educação permanente, que permita a continuidade dos estudos, e portanto de acesso às informações, mediante uma autoformação controlada.



Bibliografia
ARANHA, Maria Lúcia Arruda. 

IDEOLOGIA... PRA VIVER.....

Ninguém é tão grande que não possa aprender, nem tão pequeno que não possa ensinar”. 
(Píndaro)

PENSAMENTO DO DIA

 que aprendemos refaz e reorganiza nossa vida”. (Anísio Teixeira)


domingo, 22 de maio de 2011

FATO

"O maior defeito da democracia é que somente o partido que não está no governo sabe governar " 

PENSAMENTO DO DIA

“Pobre daquele que rejeita a sabedoria e a instrução; e a esperança deles é vã, e os trabalhos sem fruto, e inúteis as suas obras”. (Provérbio Judaico)
 

sábado, 21 de maio de 2011

enquanto isso na sala de aula

Gif-Palying-phone

Inclusão digital... ou será Digimon?

FATO

"Sábio é aquele que conhece os limites da própria ignorância”. 

(Sócrates)

PENSAMENTO DO DIA

"Brincar com crianças não é perder tempo, é ganhá-lo; se é triste ver meninos sem escola, mais triste ainda é vê-los sentados enfileirados em salas sem ar, com exercícios estéreis, sem valor para a formação do homem."



( Carlos Drummond de Andrade )

Uma fábula

Há muito tempo, havia um rei poderoso que desfrutava uma vida protegida e prazerosa dentro das paredes de seu castelo.
Um dia, ele decidiu se aventurar por seu reino para ver o que poderia experimentar e aprender. Logo ele se deparou com um monge e, num tom usual que impunha obediência, ele disse:
- Monge, ensina-me sobre o céu e o inferno!
O monge olhou para o poderoso rei e, numa voz irritada, disse:
- Não posso ensinar-lhe sobre o céu e o inferno. Você é limitado demais. Você não passa de um preguiçoso. Os ensinamentos que eu tenho são para pessoas puras e santas. Você não chega nem perto disso. Saia do meu caminho!
O rei ficou furioso. Ele estava atordoado com a ousadia do monge por falar-lhe daquela maneira. Num impulso de raiva, ele puxou sua espada para cortar a cabeça do monge.
- Isso é o inferno, disse o monge confiantemente.
O rei ficou impressionado. Ele percebeu que aquele monge corajoso havia arriscado sua vida para ensinar-lhe esta lição sobre o inferno. Numa profunda gratidão e humildade, o rei colocou sua espada de lado e se curvou em reverência ao monge.
- E isso é o céu - disse o monge suavemente.

A riqueza e o conhecimento

Era uma vez, num reino distante, um jovem que entrou numa floresta e disse ao seu mestre espiritual:
- Quero possuir riqueza ilimitada para poder ajudar o mundo. Por favor, conte-me, qual é o segredo para se gerar abundância?
O mestre espiritual respondeu:
- Existem duas deusas que moram no coração dos seres humanos. Todos são profundamente apaixonados por essas entidades supremas. Mas elas estão envoltas num segredo que precisa ser revelado, e eu lhe contarei qual é.
Com um sorriso, ele prosseguiu:
- Embora você ame as duas deusas, deve dedicar maior atenção a uma delas, a deusa do Conhecimento, cujo nome é Sarasvati. Persiga-a, ame-a, dedique-se a ela. A outra deusa, chamada Lakshmi, é a da Riqueza. Quando você dá mais atenção a Sarasvati, Lakshmi, extremamente enciumada, faz de tudo para receber o seu afeto. Assim, quanto mais você busca a deusa do Conhecimento, mais a deusa da Riqueza quer se entregar a você. Ela o seguirá para onde for e jamais o abandonará. E a riqueza que você deseja será sua para sempre.
Existe poder no conhecimento, no desejo e no espírito. E esse poder que habita em você é a chave para a criação da prosperidade.

sexta-feira, 20 de maio de 2011

Resenha Crítica do Livro "Pedagogia da Autonomia"

Pedagogia da Autonomia

Saberes necessários à prática educativa, na visão de Paulo Freire.

Contextualização

Paulo Freire aborda, de forma simples e elucidativa, a prática educativa no cotidiano da sala de aula sala e fora dela, devendo-se levar em conta, que os procedimentos abordados no livro, podem e devem ser aplicados, desde o Ensino fundamental à Pós-graduação. Discorre sobre o desenvolvimento da formação docente e o que constitui o universo educacional, mantendo sempre uma visão crítica e democrática.
Na construção e troca de saberes, o conflito e as tensões decorrentes das interações sociais, devem ser instrumentos essenciais para a prática pedagógica desde quando, a realidade do educando, o seu conhecimento prévio e de mundo, são motores móveis para a organização dos conteúdos programáticos, que por sua, vez, necessitam de discussão quanto a sua importância, no contexto do qual o aluno se insere e precisará dele, no momento especifico, dentro e fora da escola. Os conflitos servem também de provocação para que os alunos se assumam como sujeitos sócio-históricos, co-condutores de sua própria formação.
As menções ao desenvolvimento afetivo, entre professores e alunos, são constantes. E, fundamenta essa posição, com base no equilíbrio entre a competência, a autoridade e a amorosidade. Essa trilogia vem acompanhada implicitamente de uma constante necessidade de atualização e abertura para a construção de novos paradigmas, caso haja resistência para o novo, o discurso da competência não tem significação.
Ainda faz parte do fazer pedagógica, a simplicidade que deve nortear todo os outros procedimentos do professor progressista comprometido com a troca de saberes, assim como, a alegria proporciona um estado de bem-estar no decorrer do processo de educação.
O autor defende com veemência a autonomia do educando e sugere a reflexão sobre a prática educativa-reflexiva, afirmando que formar é muito mais puramente treinar o educando no desempenho de destrezas. Faz severa crítica a ideologia neoliberal e ao fatalismo que se recusa enfaticamente ao sonho. Comenta a sua raiva contra as injustiças as quais, são submetidos aos que consideram como esfarrapados do mundo.
A responsabilidade dos professores e dos que estão em formação é muito grande, desde quando, se faz necessário o processo de mudança, as lutas, a criticidade e o exercício da cidadania, para a efetivação da prática docente. A ética é um ponto, o qual o autor considera primordial para a construção e aquisição do conhecimento. Refere-se a ética  universal do ser humano e não a ética de mercado, a qual, deve ser combatida, afrontada.
A reflexão crítica sobre a prática pedagógica e\ ou educativa para o docente, se torna de fato, uma exigência da relação teoria|prática. Talvez por essa razão, Paulo Freire se preocupe tanto, com a formação dos professores e, sobretudo, com a organização dos conteúdos programáticos. As suas palavras conduzem o leitor a reconhecer entre outros objetivos, a necessidade de oportunizar para o formando desde o começo da sua vida acadêmica, o direito de assumir-se como sujeito da produção do saber. E, enfatiza de que ensinar, não é transferir conhecimento, mas criar possibilidades para sua produção ou a sua construção.
No entanto, a capacidade crítica também deve ser estimulada no educando, assim como conduzir o aluno à “pensar certo, se constitui numa uma tarefa docente. E, para tanto, o conhecimento prévio do educando deve ser levado em consideração, começando pela ética - o respeito aos saberes construídos num processo anterior - ao longo da vida social, cultural e política do alunado. Principalmente refere-se aos alunos oriundos das classes populares, com muitas histórias para contar e que certamente servem de base para estudos sistematizados.
O ensino sob este prisma deve abranger de forma elementar, a realidade do aluno  de forma interdisciplinar e estimulativa.
Pensar certo para o professor implica o respeito ao senso comum, assim como, o compromisso com a consciência crítica do aluno. Ensinar efetivamente exige pesquisa, coisa que está associada intrinsecamente ao fazer didático-pedagógico; exige também rejeição a toda e qualquer forma de discriminação e respeito à autonomia e liberdade do educando e a abertura para o conhecimento de novas metodologias e teorias que venham enriquecer o ensino. Diz Paulo Freire que: O velho que preserva uma tradição ou marca uma presença no tempo, continua novo!
O autor revela ao leitor sobre o seu pocisionamento perante a educação neoliberal, dizendo-se conhecedor da natureza humana e que a compreensão que possui dessa referida natureza, é uma exigência que faz a si mesmo de pensar certo quando defende seus pontos de vista. Pensar certo é um ato comunicante, distanciado do aconchego e da solidão.
O processo de construção do conhecimento implica também no sentimento de não acabado, concluído, finalizado. Ao contrário, essa construção, ao abolir a simples transferência de conteúdos, abre o caminho para a educação continuada, o aprimoramento da prática-docente, como a atualização dos acontecimentos das áreas do conhecimento científico; da contínua busca do novo. Gosto de ser gente, porque inacabado, sei que sou um ser condicionado, mas consciente do inacabamento, sei que posso ir mais além dele.
As forças sociais, como fator externo, influenciam na estrutura educacional de alguma maneira. Fechar os olhos às tensões que delas emergem, é fechar-se e recolher-se; é não se dar conta de suas próprias limitações e condicionamentos. Tomar conhecimento disso pode conduzir o indivíduo a transpor suas pequenas condições.
O bom senso deve permear todo o trabalho educativo, haja vista, a performace de cada professor, o jeito peculiar de ser, (uns autoritários, outros mau-humorados, alegres...) deixam marcas inaliáveis nos educandos. O autor chama à atenção quanto à necessidade da luta pelos direitos adquiridos, assim como também pelas plenas condições para o exercício  de suas funções enquanto docente. Portanto, dentro dessa perspectiva, pode-se afirmar com base no pensamento do autor que, ensinar realmente, implica na luta pelos direitos dos educadores e na utilização da humildade e tolerância no contexto da vida cotidiana da sala de aula.
Falar em educação deixa implícita a necessidade de estimular a curiosidade do aluno e conseqüentemente a do próprio educador, sem curiosidade não haveria ciência.Diz Paulo Freire: Como professor devo saber que sem a curiosidade que me move, que me inquieta, que me insere na busca, não aprendo nem ensino.
Pode-se intervir no mundo, através da educação, essa compreensão deve estar presente na prática-educativa da maneira crítica, oportunizando sempre debates a respeito de questões importantes que permita ao aluno se posicionar. Pode-se afirmar, que a educação também é contraditória e envolve a dialética, o desmascaramento da ideologia dominante, e muitas vezes ela própria reproduz essa ideologia, etc. No entanto em determinado momento do tempo e do espaço, um desses fatores predomina aos demais,cabendo ao setor educacional intervir nas ações que considera de relevância para a sociedade, como um todo.
O autor chega à conclusão de ser necessário um pouco de radicalidade nas ações e diz continuar atento a advertência de Marx quanto a esse aspecto, pois graças a ela, continua alerto a tudo o que diz respeito a defesa dos direitos humanos e afirma ser imoral que os interesses de mercado se sobreponham aos interesses humanos.
                   

A sociedade social e política de que precisamos para construir a sociedade menos feia e menos arenosa, em que podemos ser mais nós mesmos, tem na formação democrática uma prática de real importância.(1991, p. 47)

A possibilidade de transgressão da ética deve ser combatida e nada justifica a minimização dos seres humanos. O avanço da ciência e da tecnologia pode legitimar
uma ordem desordeira em que só as minorias do poder esbanjam e gozam, enquanto
que as maiorias se encontram em dificuldade até para sobreviver, mas que, afirma que
a realidade é assim mesmo, que sua fome é uma fatalidade do fim do século. O autor se refere à ideologia fatalista da política e ao discurso neoliberal, assunto esse, repetido várias vezes, no decorrer no texto.
Paulo Freire ao se referir à globalização, revela que ela reforça o poder das maiorias dominantes, esmigalha e torna impotente a presença dos dependentes. Enfatiza que frente a globalização, não há saída, a não ser baixar os olhos e agradecer a Deus ou a globalização por ainda estar vivo.
Prefiro a rebeldia que me confirma como gente e que jamais deixou provar que o ser humano é maior que os mecanismos que o minimizam. (idem,  p.129).

 A morte da História, era na verdade, a morte da utopia, a morte do sonho.Sobre esse assunto, Freire discorre dizendo que a proclamada morte da História e conseqüentemente do sonho, decreta de fato, o imobilismo que nega o ser humano.

O livro é dividido em tópicos referentes ao processo de ensino; observa-se em determinados trechos, um pouco do perfil político e ideológico do autor; a sua veemente defesa em favor dos interesses humanos,; do ensino progressivo e democrático; da rejeição á política neoliberal e fatalista; a preocupação com os valores étnicos e sociais ,entre outros.
 confirma ser necessário um certo radicalismo e rebeldia como normas para a construção de novos paradigmas e se posiciona contra a supremacia dos valores de mercado aos valores humanos, esse último, sua principal causa e primeiro objetivo de sua carreira na educação.

A liberdade amadurece no confronto com outras liberdades, na defesa de seus direitos em face da autoridade dos pais, do professor, do Estado. ( idem, p. 119)
 
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia. Saberes necessários a à Prática Educativa.-São

Paulo: Paz e Terra. 1996.
Maria de Lurdes Mattos Dantas Barbosa